sábado, 20 de abril de 2013

Marrocos também é África!



Introdução

Por vezes, uma “conversa de café” é suficiente para se fazer uma viagem memorável para sempre! Um almoço durante um passeio de moto até Ponte de Lima levou uma ideia a tornar-se num “projecto” e mais tarde numa viagem em grupo de 3 motos, 4 pessoas, que foi realizada sem incidentes e trouxe muitas memórias, certamente inesquecíveis!

Aproveitando os feriados em Abril e Maio foi relativamente fácil conseguir duas semanas de férias para esta viagem, obviamente que este facto faz com que esta altura seja considerada época alta a nível turístico inflacionando os preços, sobretudo no que respeita a alojamento. Parece-me possível viajar para Marrocos em Agosto, mas atendendo às temperaturas elevadas sobretudo no sul, certamente será extremamente desconfortável e altamente exigente.

As viagens organizadas por agências têm a vantagem de já incluirem seguros, hotéis programados, guias e viatura de apoio o que permite maior tranquilidade ao viajante, a desvantagem será certamente o preço.

Logística - A preparação desta viagem foi relativamente simples, o mínimo de programação possível que contraria os meus ideais que me obrigam agendar tudo e programar praticamente tudo ao minuto. Optamos então arrancar sem hotéis marcados e sem um estudo detalhado dos principais pontos de interesse, apenas definimos um percurso geral, o que tornou tudo numa agradável surpresa e permitiu algumas alterações durante a viagem ao percurso previsto inicialmente. 

Alojamento - É fácil encontrar alojamento em Marrocos e os preços são habitualmente idênticos à Europa, algumas vezes inferiores. No que respeita aos hotéis minimamente conceituados não me parece plausível a negociação de preços, nestes casos orientem-se pelos preços de tabela. Habitualmente os hotéis são mais caros comparativamente a riads ou auberges onde bastam alguns minutos de negociação para se conseguir um preço mais baixo embora este tipo de alojamento seja mais fácil de encontrar em vilas e pequenas cidades onde os hotéis não abundam. As riads são casas típicas Marroquinas adaptadas para alojamento turístico tornando mais pitoresca a vossa estadia, os auberges são comparados a pensões num estilo misto entre hotel e riad. Os preços dos hotéis rondam os 650 Dirhams (60€) sendo que as riads e auberges começavam a partir dos 200 Dirhams (18€), valores indicativos para duas pessoas num quarto, habitualmente com pequeno-almoço. Antes de aceitarem peçam para ver as condições dos quartos, analisem previamente e negoceiem as condições e refeições a incluir. Por norma os Marroquinos gostam de conversar e conhecer as pessoas, no entanto não se sintam na obrigação de aceitar apenas por simpatia, se as condições não corresponderem às vossas expectativas procurem outro local. É com facilidade que se encontra alojamento com condições de limpeza adequadas e casa de banho privativa, obviamente estas condições influenciam consideravelmente o preço, não ultrapassando os preços Europeus. 

Alimentação - Ao contrário da ideia que tinha as refeições em Marrocos são fenomenais! A alimentação é fenomenal no que respeita à qualidade e quantidade com preços bastante apelativos. A regra que deve ser aplicada é a de não quererem conhecer o vosso prato antes e durante a confecção, pois se a ASAE trabalhasse por lá provavelmente entrava em colapso ao segundo dia... Todas as boas práticas que subentendemos como higiénicas e habituais não costumam ser aplicadas. No entanto a oferta é variada e deliciosa sendo os práticos mais comuns os seguintes:
  • Tagines (legumes estufados num prato típico de barro durante 2 a 4 horas), pode não ser exclusivamente vegetariano e ter frango ou cordeiro
  • Brochettes (espetadas de frango)
  • Omoletes berbere (omolete preparada no prato de barro das tagines)
  • Couscous
  • Cordeiro ou borrego grelhados
  • Frango grelhado
  • Pizzas entre outras comidas “rápidas”
  • Acompanhamento habitual batatas fritas e saladas
No nosso caso ficamos viciados nas tagines, acompanhadas com pão típico kesra, se bem que as omoletes e os couscous são pratos igualmente deliciciosos. Questionem o preço antes de fazerem o pedido, verifica-se claramente que o preço para turístas é extremamente inflaccionado, se tiverem um menu com preços nunca têm surpresas do que vão gastar, mas mesmo nestes casos o valor pode ser negociado. A utilização de especiarias é comum e qualquer refeição tem um sabor totalmente diferente do que é esperado, habitualmente delicioso e dificilmente demasiado intenso ou picante. Os cafés são de utilização de elementos do sexo masculino, as pastelarias são mistas e o mais comum é servirem chã, sumos naturais e croissants. Sendo um povo Muçulmano, obviamente não esperem encontrar bebidas alcoólicas, como alternativa, o mais comum é o chã sendo de excelente qualidade, normalmente preparado com ervas frescas bastante quente, doce e intenso. A publicidade da Coca-Cola encontra-se em quase todas as esquinas como tal encontramos bebidas gasificadas da marca em todo lado a preços económicos. O conselho habitual é consumirem exclusivamente água engarrafada, que pelo constatamos é de excelente qualidade. Confirmem sempre que a carne está bem cozinhada, por uma questão infecciosa os grelhados são os que garantem maior segurança


Moto - Qualquer moto é perfeitamente válida para uma viagem destas e três Honda (Deauville, Pan-European e Varadero) foram perfeitamente capazes do desafio e até ao sacrifício de circular em areia foram submetidas! Revisão efectuada em concessionário oficial é essencial, mas por segurança levem óleo, um tubo de combustível, uma vela, um kit de furos adequado ao tipo de pneus e algum consumível adicional que considerem essencial. Felizmente não foi necessária nenhuma intervenção mecânica e encontram-se com muita regularidade postos de combustível, no entanto evitem andar próximos da reserva, chegamos a ter uma surpresa numa cidade que não abastece motos ao Domingo o que pode obrigar a percorrer mais 50km até encontrar o posto seguinte. Oficinas mecânicas encontram-se em praticamente todas as cidades mas a julgar pela sua aparência devem prestar assistência apenas a 50cm3 e não deverá ser fácil encontrar material para motos de cilindradas médias / elevadas. Felizmente não tivemos surpresas desagradáveis, mesmo assim convém ter a garantia de pneus em bom estado, que permitam percorrer a viagem programada sem necessidade de substituição dos mesmos. Quase todos os hotéis disponibilizam uma garagem fechada para as motos ou um local com alguma segurança. Ferramentas básicas, fita-cola americana e abraçadeiras plásticas são essenciais, pois mesmo sem conhecimentos mecânicos aprofundados podem existir pequenos imprevistos que sejam resolvidos com facilidade, como por exemplo o descolar das solas das botas do Eduardo que foi facilmente resolvido com fita-cola J.

Segurança - O seguro da moto para Marrocos é obrigatório, a extensão da carta verde é considerada simples mas façam a requisição à vossa seguradora com alguma antecedência. O custo é relativamente baixo, devendo rondar cerca de 15% do valor do vosso prémio anual. Não esquecer que Marrocos também é África e o custo de um seguro de viagem que ronda os 50€ por pessoa permite-vos a tranquilidade da possibilidade de repatriamento em caso de acidente ou doença, numa viagem destas o valor não deverá ser considerado significativo e dá mais alguma tranquilidade na loucura existente nas estradas uma vez que os serviços hospitalares não aparentam ter serviços comparados com as normas europeias. Utilizem equipamento que vos transmita segurança, conforto e seja bastante visível. Mera coincidência tinhamos todos capacetes Nexx XR1R e mais uma vez a marca Portuguesa comprovou ser uma excelente aposta em grandes viagens. A meteorologia é instável, e enquanto as temperaturas no deserto podem rondar os 40º, no mesmo dia no Atlas circulamos com 0º e direito a granizo, pelo que os impermeáveis devem fazer parte da lista, além de vos manterem secos funcionam como corta-vento e aumentam a temperatura corporal.

Estradas - Habitualmente utilizo a norma de “evitar autoestradas sempre que possível”, mas em Marrocos é bem mais complicado conduzir nas estradas nacionais ou dentro das cidades que nas auto-estradas, atravessar as cidades e vilas é sempre demoroso. Em país alheio e em caso de dúvida cumprimos as regras de estrada que conhecemos, mas os semáforos são indicativos e ainda no sinal vermelho já somos buzinados para arrancarmos. As estradas tem piso habitualmente razoável ou bom, as bermas costumam ser de terra batida com um declive acentuado, como tal tenham atenção reforçada às ultrapassagens pois podem ser empurrados para a berma, não é ocasional, é mesmo assim que funciona e não entendam como um atentado à vossa segurança mas sim uma questão de prioridades, onde esta é atribuída proporcionalmente ao tamanho do veículo. Convém olhar quase tanto para os espelhos como para a estrada, e circular em auto-estradas não é motivo para menos concentração uma vez que é comum encontrar quem pare para fazer um picnic, famílias numerosas a pedir boleia, ovelhas a pastar ou galinhas a depenicar nas bermas... Estradas em montanha podem estar em condições miseráveis devido às derrocadas de pedras, buracos, areia e água, é possível demorar mais do dobro do tempo estimado nestes casos.

O estacionamento é habitualmente pago, não por sistemas de parqueamento mas por arrumadores. Deve ser pago no momento de saída e o ideal será entregarem moedas pequenas, perfazendo um total entre 5 a 10 Dirhams. Caso utilizem um parque, questionem o custo antes de estacionarem, nesta situação o preço é habitualmente negociável.

O trajecto habitual em Marrocos é dirigirem para Sul pelo interior, percorrer o sul do Atlas em direcção a Oeste e seguir para Norte pela costa, sendo que aqui aconselho a utilização de auto-estrada pois o trafego é extremamente intenso.

Documentos e moeda - O passaporte é imprescindível para entrada em Marrocos e nunca deve ter uma validade inferior a seis meses. Não é necessária a requisição de nenhum visto adicional, o carimbo de entrada é válido para três meses se pretenderem estar mais tempo o ideal é voltarem à fronteira e revalidar o mesmo. O livrete da moto deve estar em nome do condutor, pelo menos aparenta ser um processo mais simples nestes casos, pois pelo que me apercebi não será fácil entrar em Marrocos com um veículo alugado fora do país. Digitalizem os documentos mais importantes ou tenham uma cópia adicional para utilização em caso de perda, a alternativa de guardar estes documentos num serviço de cloud permite-vos o acesso pela internet a uma cópia dos mesmos em caso de necessidade. Nas cidades encontram-se com alguma regularidade caixas multibanco onde os cartões de débito ou crédito costumam funcionar sem problemas. A taxa para levantamento ronda o valor de conversão de referência acrescido de 4%, como tal poderá compensar levarem alguns euros e fazer a conversão na fronteira, sendo que antes de partirem vejam as taxas cobradas pelo vosso banco. O ideal é utilizarem sempre a moeda local, mas habitualmente, em qualquer local aceitam euros (apenas notas) mas a conversão nunca é vantajosa para o cliente uma vez que dividem por dez o valor que vos indicaram em Dirhams, quando na realidade um Euro ronda onze Dirhams.

Comunicações - Os custos de telemóvel por roaming em África são astronómicos, mas aproveito para informar que é perfeitamente normal os hotéis terem o serviço de internet wifi gratuito, caso não o indiquem experimentem activar o wireless e provavelmente vão ter uma rede disponível e gratuita, isto aliado a um telemóvel com funcionalidade wifi permite-vos a utilização de aplicações VOIP sendo uma excelente alternativa de baixo custo, como por exemplo o Skype ou outras que permitam chamadas gratuitas para números fixos e evitam que “sofram” com o roaming. Desactivem os serviços de dados por roamings, bem como o voicemail, pois ao custo de uma chamada normal recebida será acrescentado o valor de uma chamada em roaming.

Utilidades - Na minha opinião o GPS não me parece um acessório obrigatório em Marrocos, se o objectivo for circular por pistas ou andar pelo deserto aí será interessante para não se perderem e manterem a orientação. Encontra-se com frequência polícia nas estradas e é com gosto e simpatia que vão tentar esclarecer-vos qualquer dúvida. Um mapa com algum detalhe será suficiente e o GPS poderá ter maior utilidade para procurarem pontos de interesse dentro das cidades (hotéis, máquinas multibanco, serviços hospitalares, etc). É conveniente terem disponível uma lista de contactos úteis, como por exemplo a embaixada Portuguesa em Marrocos, contactos da seguradora do veículo e seguro pessoal caso tenham. O kit SOS e medicamentos básicos não devem faltar, convém não faltar medicação para as dores de estômago e outras semelhantes… Tomem nota que a corrente do estreito de Gibraltar pode ser muito forte, existem sacos para o enjoo no barco mas também podem tomar um comprimido de prevenção. As tomadas eléctricas são iguais às Portuguesas 220v, não sendo necessário qualquer adaptador especial. Obviamente que a máquina fotográfica não pode faltar, se bem que em Marrocos uma imagem não vale 1000 palavras, vale muitas mais!!!

Fronteira Tarifa-Tanger - embora o procedimento seja consideravelmente simples, a ânsia que sentimos pode atrapalhar um pouco, obviamente que a juntar a este factor temos “N” Marroquinos a pressionar-vos neste processo, o meu conselho é para que mantenham sempre a calma e exprimam isso caso alguém vos requisite os documentos ou vos pressione para irem a alguma caixa ou guichet. Vou tentar simplificar o processo à data de Abril de 2013 seguindo pela respectiva ordem. No momento de compra dos bilhetes de ferry são-vos entregue dois papéis para os vossos dados pessoais, um branco (papel de entrada) e um amarelo (papel para saída), se tiverem tempo preencham os dados dos mesmos antes de entrarem no barco (sendo nesta fase necessário apenas o papel branco, para entrada). Dentro do barco existirá um pequeno guichet (um funcionário num banco do barco, com um PC portátil e um carimbo) onde será necessário mostrar os passaportes e entregar o papel branco, basta procurarem onde toda a gente se dirige, sigam a “corrente”. Chegada ao porto de Tanger a confusão começa, após sairem do barco vão dizer-vos para estacionarem antes do portão de saída, a um ritmo extremamente frenético vão dirigir-se ao vosso encontro funcionários (julgo eu pelo colete que utilizavam) a pedir-vos o passaporte do condutor e livrete da moto, aqui têm duas opções, ou aceitam e preparam-se para lhes dar a propina (gorjeta – 50 Dirhams/5 Euros), ou em alternativa saem calmamente da moto e fazem o procedimento por vosso conta. Se optarem pelo apoio dos funcionários, os mesmos vão “fugir” com os vossos documentos e preencher-vos o papel de saída da viatura, caso não estejam dispostos abrir os bolsos o que devem fazer é o seguinte:
  • Vão ao posto fronteiriço requisitar o impresso de viatura e preencher o mesmo conforme dados do livrete e passaporte do condutor, não são necessários documentos do pendura .
  • Vão ao posto policial para confirmarem os dados.
  • Vão ao posto aduaneiro para confirmarem dados da viatura.
  • Voltam para junto da moto e aguardam pela vinda do polícia e respectivo carimbo de saída, caso hajam dados em falta ele irá informar-vos.
Fica na vossa posse o papel amarelo que deverá ser guardado até à saída de Marrocos e uma cópia do formulário da viatura. Terminado podem seguir caminho e finalmente entrar em Marrocos… Ufa! Imediatamente tem postos de conversão EUR-MAD e obviamente ao habitual ritmo frenético vão ao vosso encontro “N” Marroquinos para vos convencer a irem a uma determinada banca (conforme a comissão que lhes interessa)… Tenham cuidado pois podem oferecer-vos taxas mais “vantajosas”, mas atenção que legalmente só podem recorrer a casas oficiais de câmbio.

No regresso o processo é mais simples, obviamente devem trocar os Dirhams por Euros antes da entrada na fronteira. Será necessário carimbar a saída no passaporte no guichet da polícia, e o formulário da viatura deverá ser apresentado no posto aduaneiro. Feito isto guardem a cópia do formulário da viatura religiosamente, para sempre, e se regressarem a Marrocos tragam-na para comprovar que entraram e sairam do país com a mesma viatura. Agora é só entrar no ferry…

Conselhos e Dicas - Não é fácil conduzir em Marrocos, tentem manter uma postura de prevenção e com o máximo de atenção possível. Os limites de velocidade são rigorosos e as operações políciais apenas parecem estar atentas a esta infracção pois vamo-nos cruzando com imensos radares, sendo que habitualmente se encontram no final de grandes rectas escondidos atrás dos arbustos. O trânsito nas grandes cidades é caótico, não só pela quantidade de viaturas, mas pelas viaturas em sentido contrário, peões atravessar a qualquer momento, carroças e tudo o que seja possível imaginar, o que pode impedir cumprir a quilometragem diária previamente estimada. Certamente vão ser aliciados para comprarem “chocolate”, tomem atenção que as drogas são ilegais quer a sua posse ou consumo e nunca aceitem um pedido para trazerem uma embalagem convosco para a Europa, sobretudo em Tanger estejam atentos à vossa moto para que ninguém coloque alguma embalagem sem o vosso conhecimento e consentimento.

Nos pontos turísticos existem habitualmente guias, supostamente oficiais pela sua identificação, sendo que o custo é indicado pelo mesmo. Normalmente é indicado um preço total de referência face à dimensão do grupo e percurso, valor ao qual devem acrescentar cerca de 20 Dirhams se ficaram impressionados ou menos 20 Dirhams se não cumpriu com as vossas expectativas.

Circulamos de taxi em Fès, uma verdadeira aventura! Por 11 Dirhams (1 euro) circulamos cerca de 5 quilómetros, valor este duplicado quando é activada a tarifa nocturna. Dificilimente o taxi tem cintos e rezar pode ser uma boa prática (mesmo para ateus), sobretudo quando utilizam postos de combustível para fugir a semáforos (sem abrandarem mínimamente), circulam lado a lado numa só faixa e circulam em rotundas a velocidades estonteantes, tudo isto com viaturas que contam muitas centenas de milhares de quilómetros…



Resumo

A costa Atlântica Marroquina tem cidades bastante atractivas, interessantes pela sua cultura, história e arquitectura, no entanto é habitualmente bastante confusa pelo excesso de trânsito e população. As periferias são habitualmente pobres onde os bairros “de lata” tem uma extensão a perder de vista, não impedindo que faltem as antenas parabólicas em todas as habitações. Circular no interior ou no sul é muito mais simples e bastante mais rápido.

Tivemos a oportunidade de ir ao deserto e acampar numa tenda berbere, serviço disponibilizado pelo www.aubergedusud.com que constatamos ser uma noite fenomenal, admirar tanto o nascer como o pôr-do-sol no deserto é uma oportunidade única, a não perder. Foi a nossa excentricidade da viagem que comprovou merecer bem o custo da mesma, se bem que não fiquei adepto dos dromedários como meio de transporte pois qualquer moto é bem mais confortável J.

A população olha-nos muitas vezes de forma que poderíamos considerar desconfiada, mas rapidamente chegamos à conclusão que não é por maldade ou inveja mas pura curiosidade, rapidamente sentimos que é um país seguro, e em momento algum tivemos receio ou sentimos que o ambiente seria perigoso. São culturas diferentes da nossa como tal devemos respeitá-las, evitem tirar fotografias nos locais considerados por eles sagrados e se quiserem tirar uma fotografia a alguém peçam-lhe autorização primeiro, eventualmente vão ter alguns minutos de boa conversa. A língua francesa é comum, no entanto se não a dominarem não se preocupem pois existe um esforço considerável para nos entenderem seja em Português, Espanhol, Inglês ou outras. De certeza que vão encontrar uma forma de comunicação e a língua não será impedimento para visitar Marrocos.

A visita às cascatas de Ouzoud e atravessar o Atlas por Demnate foi das melhores experiências que tive até hoje, mas para 150 quilómetros foram necessárias cerca de 6 horas de condução devido ao mau piso. Encontramos algumas crianças por lá a quem oferecemos algumas canetas e marcadores sem valor comercial, no entanto as suas reacções irão estar nas nossas memórias para sempre, como é possível que um objecto tão simples traga uma expressão de felicidade e agradecimento tão sincero e carinhoso. Ficamos com vontade de voltar com brinquedos e roupas novas para estas crianças que nada tem e vivem muito abaixo do limiar de pobreza em habitações que são verdadeiras ruínas, sem tectos, portas ou janelas, onde a electricidade e água canalizada não chegam. Os seus sorrisos marcaram-nos, para sempre…

Se tiverem dúvidas sobre ir a Marrocos, arranquem para viagem, certamente não se vão arrepender! Primeiro estranha-se... mas depois entranha-se e faz parte de nós.

Dados para uma moto com 2 passageiros
Diversos
Distância total percorrida
4182 km
Duração
11 dias
Tempo de condução
72 horas
Combustível
208 litros
Média de consumo
4,98 l/100
Preço combustível Marrocos
1,14 €/litro

Gastos
Combustível
265,42 €
Portagens
24,42 €
Alimentação
186,48 €
Alojamento
533,51 €
Extras
93,90€
Ferry
161,20€
Seguro de viagem
101,98€
Total de gastos
(Gaia a Gaia 1 moto 2 pessoas)
1.366,91 €